Conhecidos como “a segunda geração do samba” ou “Turma do Estácio“, compositores do bairro, entre os quais, Alcebíades Barcellos (Bide), Armando Marçal, Ismael Silva, Nilton Bastos, Baiaco, Brancura, Mano Edgar e Mano Rubem, modificaram a forma de se fazer samba, acelerando a cadência, de forma que também pudesse ser dançado nos desfiles de carnaval. O novo ritmo se distanciava do andamento mais lento, semelhante ao maxixe, das composições da chamada “primeira geração do samba”.

No dia 12 de agosto de 1928, o mesmo grupo de sambistas responsáveis por reformar o samba, se reuniu na casa de número 20, no bairro do Estácio e decidiu fundar um bloco para desfilar no carnaval, o Deixa Falar. O bloco foi fundado por Ismael Silva, Alcebíades Barcellos (Bide), Nilton Bastos, Edgar Marcelino dos Passos (Mano Edgar), Osvaldo Vasques, Baiaco e Sílvio Fernandes (Brancura). Tinha como cores o vermelho e o branco, em homenagem às cores do bloco A União faz a Força, que por sua vez tinhas as cores em referência ao America Futebol Clube, cuja sede fica próxima ao bairro. A União faz a Força era um bloco carnavalesco do Estácio, fundado por Mano Rubem e extinto após sua morte, em 1927.
O objetivo dos fundadores do Deixa Falar, era formar um bloco de corda, ou seja, que desfilasse de forma organizada, em um espaço previamente delimitado, cercado por cordas e com alvará de licença, para que não fosse incomodado pela polícia – diferente de um bloco comum, de sujo, que não possuía regras e, por isso, sofria repressão policial. A Deixa Falar tinha diretoria própria, com cada membro responsável por uma função; não permitia a participação de integrantes “estranhos”, sem ligação com a agremiação; e cada sócio contribuía com cinco mil-réis de mensalidade para custear seus desfiles. Oswaldo Lisboa dos Santos, conhecido como Boi de Papoula, em referência a um antigo rancho carnavalesco que frequentava, foi escolhido para ser o presidente da agremiação. Armando Fonseca Leite ficou responsável pelas alegorias e figurinos do bloco. Para a tesouraria foi eleito um português chamado Guilherme.
O Deixa Falar era um bloco, que tinha a organização de um rancho e desfilava com o novo tipo de samba, conhecido como “samba de sambar”, pois permitia que seus componentes dançassem enquanto evoluíam. Era, portanto, um tipo de agremiação diferente, que recebeu de Ismael Silva, o título de escola de samba. A inspiração teria sido em uma escola de normalistas do Estácio. O novo modelo de fazer samba se popularizou e passou a ser copiado pelo restante da cidade. Ismael considerava que os “professores”, que ensinaram o novo samba, foi o pessoal da Deixa Falar, que, por tanto, seria uma “escola” onde se aprendia o “samba de sambar”. Na época, o título “escola de samba” ainda não era bem difundido, sendo apenas um termo utilizado para qualificar o bloco cujos compositores foram responsáveis por reformar o gênero. Nos anos posteriores, com o sucesso da Deixa Falar, outros blocos passaram a ostentar o título de escola de samba, até que, em 1932, foi criado o desfile de escolas de samba.
A Deixa Falar desfilou de 1929 a 1931 como bloco. Em 1931, também participou de um concurso não-oficial, desfilando como racho carnavalesco. O desfile foi bem avaliado, o que incitou sua diretoria a abandonar o desfile como bloco. Em 31 de dezembro de 1931, uma assembleia geral aprovou a mudança. Novos colaboradores foram eleitos para a diretoria da agremiação: Ademar Borges Monteiro como vice-presidente; Eurípides Capelani (Baiano) para a secretaria; Afonso Fonseca Leite como o responsável pelo barracão; e Antônio Faria (Buldogue da Praia) como presidente-tesoureiro e líder da comissão responsável pelo enredo. Em 1932, ano do primeiro concurso oficial entre escolas de samba, a Deixa Falar desfilou como rancho carnavalesco. Com o enredo “A Primavera e a Revolução de Outubro”, exaltou Getúlio Vargas e a Revolução de 1930. A agremiação se apresentou com duas composições de Bide, a marcha-rancho “Meu Segredo” e o samba “Rir pra não chorar”. O desfile foi considerado um fracasso e agremiação sequer obteve classificação.
Após o carnaval, uma troca de acusações entre seus dirigentes decretou a extinção da Deixa Falar. Os membros da agremiação trilharam caminhos diferentes. Baiaco e Brancura morreram em 1935. Bide e Ismael Silva nunca mais se vincularam a uma agremiação carnavalesca. Oswaldo da Papoula ingressou no Recreio das Flores, rancho do bairro da Saúde. Os componentes da Deixa Falar se dispersaram entre outros blocos e escolas de samba da região. Na edição de 29 de março de 1933 do Diário Carioca, uma nota anunciou o encerramento das atividades da Deixa Falar e sua fusão ao também extinto bloco União das Cores, resultando na fundação do Bloco Carnavalesco União do Estácio de Sá. Apesar de ter desfilado apenas como bloco e rancho, a Deixa Falar é considerada a primeira escola de samba da história, por ter sido a responsável por criar e difundir o termo e o modo de desfilar, posteriormente incorporado por outras agremiações.
Após a extinção da Deixa Falar, a Cada Ano Sai Melhor se tornou a principal escola da região. Fundada em 1928, na localidade conhecida como “Beco da Padeira” (posteriormente “Capela”), no Morro de São Carlos, tinha como cores o verde e o rosa. Também fazia parte do carnaval da região, a escola de samba Vê Se Pode, fundada em 1929, no local conhecido como “Atrás do Zinco”, também na comunidade do São Carlos. A agremiação tinha as cores verde e branco e teve seu nome alterado para Recreio de São Carlos a pedido da polícia. Em 1947, foi fundada, na localidade conhecida como “Larguinho”, a escola de samba Paraíso das Morenas, de cores azul e rosa.
As três agremiações do Estácio não tinham força para disputar com Portela, Mangueira e Império, que dominavam o carnaval carioca na época. Nos carnavais de 1953 e 1954, as três escolas do Estácio sequer conseguiram desfilar. Os sambistas das agremiações concluíram que havia muitas escolas na localidade e decidiram seguir o mesmo procedimento adotado, dois anos antes, pelos sambistas do Morro do Salgueiro, quando esses fundiram as três escola do morro para criar uma mais forte, a Acadêmicos do Salgueiro.
A Estácio de Sá foi fundada em 7 de fevereiro de 1955, com o nome de Unidos de São Carlos, a partir da fusão das escolas de samba Cada Ano Sai Melhor, Recreio de São Carlos e Paraíso das Morenas. Participaram de sua fundação, Valdemiro Ribeiro (Miro), Caldez, Cândido Canário, Sidney Conceição, Zacharias do Estácio, José Botelho, Maurício Gomes da Silva, Walter Herrice, Manuel Bagulho entre outros sambistas e foliões da região. Valdemiro Ribeiro foi escolhido para ser o primeiro presidente da agremiação.
A escola foi fundada com o nome de “Unidos de São Carlos”, a partir da união de três escolas de samba do morro homônimo. Em 25 de março de 1983, logo após o carnaval daquele ano, o então presidente da agremiação, Antônio Gentil, convocou uma assembleia geral para votar a mudança de nome da escola. Com 21 votos a favor, 3 contra e 2 abstenções, foi alterado o nome da agremiação para “Estácio de Sá”.
O novo nome representa todo o bairro do Estácio e não apenas o Morro de São Carlos. Mas o motivo apresentado pelo presidente foi econômico. Nas palavras de Gentil, São Carlos era “nome de mercadoria falida”, que “não vende bem”, enquanto que Estácio seria “status“. Com o novo nome, a expectativa era garantir apoio financeiro de investidores. A troca de nomes foi desaprovada por integrantes antigos da agremiação, como Xangô da São Carlos e o ex mestre-sala Bicho Novo. Foi feito um abaixo-assinado pedindo a invalidação do novo batismo. O grupo de insatisfeitos cogitou até fundar uma nova escola. Porém, de nada adiantou. O novo nome foi mantido e aceito, após os bons resultados obtidos.
A partir de seu primeiro carnaval com o nome de Estácio de Sá, a escola de samba conseguiu se firmar no grupo de elite do carnaval carioca, onde permaneceu por 14 anos consecutivos. Os torcedores da agremiação são chamados de “estacianos”, designativo criado por Antonio Gentil em 1985.
A Estácio de Sá foi fundada com as cores azul e branco. Em 1965, alterou suas cores para vermelho e branco, mesmas cores da Deixa Falar, escola que considera sua ascendente.

O leão é o símbolo da Estácio de Sá, também em referência à Deixa Falar. O felino é presença constante nos desfiles da agremiação, geralmente é representado em posição de destaque no carro abre-alas dos desfiles da escola.

A bandeira da escola consiste em um retângulo com oito raios de cores intercaladas (quatro brancos e quatro vermelhos) partindo do centro em direção às extremidades do pavilhão. No centro da bandeira, de onde partem os raios, localizam-se dois círculos concêntricos. No círculo de fora, está inscrito o nome da escola; “G.R.E.S.” na parte superior e “ESTÁCIO DE SÁ” na parte inferior. No círculo de dentro, está a figura do leão, símbolo da agremiação. Abaixo dos dois círculos, próximo à base do pavilhão, está a inscrições do ano de confecção da bandeira.